OXANDROLONA

Muita gente faz perguntas sobre esse esteróide. É bom para mulheres ? Queima gordura ? Não causa problemas de saúde ? Existe alguma marca de confiança ?
Mais uma vez vou tentar esclarecer os mitos que rondam o oxandrolona, um dos anabolizantes mais procurados, hoje, no Brasil.

Esse anabolizante foi desenvolvido em 1964, pelo laboratório Searle, nos Estados Unidos. Foi comercializado pelo nome de Anavar. Esse mesmo fabricante licenciou a venda da droga no Brasil pelo nome de Lipidex.

O objetivo do laboratório era criar um esteróide que pudesse ser utilizado por crianças com problemas de anemia, daí a fama de ser um anabolizante seguro. A oxandrolona não aromatiza, e promove um ganho anabólico moderado, para os padrões dos fisiculturistas. Pode ser utilizada com segurança por mulheres, já que também não promove virilização, e durante algum tempo era muito comum que se receitasse para tratamento de Osteoporose em mulheres mais idosas. Infelizmente, toda a repercussão negativa e desinformada da mídia acabou por fazer com que os médicos voltassem atrás nas indicações do medicamento, ainda que tenha se provado ser de grande eficiência.

No início dos anos 80, com as vendas da droga caindo, o laboratório Searle, detentor da patente, decidiu suspender a fabricação e em 1989 o último lote foi colocado no mercado. Portanto se aparecer algum vendedor "amigo" seu, com Anavar ou Lipidex, você que é um leitor do Treino Pesado já sabe, armação.

Recentemente um laboratório americano, o BTG, voltou a fabricar a droga, sob o nome de Oxandrin. O BTG comprou os direitos do Searle, e vende a medicação para pacientes com AIDS, que precisam diminuir a perda de massa muscular.

Muitos usuários dizem ter ótimos ganhos de força, coisa incomum em esteróides de baixa ação androgênica, e hoje em dia já é muito comum que basistas (powerlifters) incluam a oxandrolona em seus ciclos. Isso ocorre porque a oxandrolona não causa aumento de força pelas vias androgênicas, mas pela capacidade de repor ATP (adenosina trifosfato). Isso causa um enorme estímulo na performance anaeróbica, o tipo necessário para atividades de explosão e curta duração, como o treino com pesos.

No caso dos fisiculturistas (bodybuilders), normalmente é mais utilizada em ciclos que visam qualidade muscular, quando existe a preocupação com a retenção de líquidos. As dosagens para homens ficam entre 15 e 25 mg (6 a 10 comprimidos) por dia, em conjunto com outros anabolizantes de características mais anabólicas do que androgênicas. Algumas drogas, em especial, costumam funcionar excepcionalmente bem com a oxandrolona, são elas a fluoximesterona, mesterolona e a trenbolona. Existem histórias de atletas que chegam a 150 mg por dia de Oxy (como os americanos apelidaram a droga), mas que dizem que os ganhos não são expressivos o suficiente para valerem a pena o custo e o risco.

Mulheres podem fazer uso da oxandrolona com razoável segurança, já que as chances dos problemas relacionados aos efeitos masculinizantes dos esteróides serão praticamente inexistentes. Dosagens situam-se entre 5 e 10 mg, e costumam ter seus ciclos combinados com nandrolona ou metenolona. Deve-se ter o cuidado de nunca utilizar a droga em estados de gravidez ou em amamentação, já que o FDA (Federal Drug Administration), o órgão máximo da fiscalização de remédios americanas, classifica a Oxy na categoria X, que são dos medicamentos que representam alto risco para fetos e recém-nascidos.

Quando utilizada em doses consideradas moderadas, essa substância não interfere com a produção natural de testosterona. Já em dosagens acima de 30 mg o risco é grande, e pode haver a parada na fabricação do hormônio masculino.

A oxandrolona, assim como outros esteróides orais, é hepatóxica, mas são raros os casos de lesões ao fígado, mesmo em doses consideradas de risco. Um estudo realizado pelo laboratório BTG mostrou que, mesmo sendo alquilada na posição C-17 (a alteração química que torna os esteróides orais perigosos), a oxandrolona não costuma causar alteração das taxas hepáticas. Mas o risco existe.

Existe a fama de que "queima gordura", o que é mais um mito. Assim como o estanozolol,isso não ocorre. O que acontece é que por não causar aromatização, também não acontece a retenção de líquidos, fator responsável pelo aspecto inchado do usuário. Mas a oxandrolona pode diminuir consideravelmente o apetite, o que é mais uma razão para a opção do uso em ciclos de qualidade, e não de aumento de volume muscular, quando o atleta necessita de dietas hipercalóricas. Quando o objetivo é somente a definição muscular, a combinação com 120 a 150 mcg de clembuterol produzirá ótimos resultados, reduzindo o percentual de gordura e mantendo a massa magra adquirida.

Muitos bodybuilders preferem o uso nos intervalos entre ciclos, acreditando que já que não há interferência no balança hormonal, seria uma boa opção na tentativa de manter os ganhos adquiridos. É um erro. O usuário de esteróides, após o ciclo, já encontra-se com seus mecanismos de produção hormonal alterados, e a introdução de mais uma opção de anabolizante, ainda que seguro nesse aspecto, vai retardar ainda mais o restabelecimento das funções hormonais.

Infelizmente, é muito difícil conseguir oxandrolona de qualidade no Brasil. Nenhum dos chamados "vendedores" coloca a medicação original, do BTG, aqui dentro. Todas que circulam no mercado paralelo são manipuladas, o que aumenta o custo, e que nem sempre representa garantia de autenticidade da substância. Então todo cuidado é pouco antes de sair procurando pelo esteróide.

Referências:

- Hart DW, Wolf SE, Ramzy PI, Chinkes DL, Beauford RB, Ferrando AA, Wolfe RR, Herndon DN., Anabolic effects of oxandrolone after severe burn., Ann Surg 2001 Apr;233(4):556-64
- James JS., Wasting syndrome: oral oxandrolone re-released in U.S., AIDS Treat News 1995 Dec 22;(no 237):3-4
- Papadimitriou A, Preece MA, Rolland-Cachera MF, Stanhope R., The anabolic steroid oxandrolone increases muscle mass in prepubertal boys with constitutional delay of growth., J Pediatr Endocrinol Metab 2001 Jun;14(6):725-7
- Demling RH., Oxandrolone, an anabolic steroid, enhances the healing of a cutaneous wound in the rat., Wound Repair Regen 2000 Mar-Apr;8(2):97-102

FONTE: TREINO PESADO