INSULINA

Muitos malhadores estão sempre se perguntado qual o segredo para o tamanho e a qualidade alcançada pelos fisiculturistas dos dias de hoje. Com freqüência nos perguntamos porque não conseguimos chegar no mesmo nível dos caras. Então, qual o segredo? Na busca dessa resposta vão aparecendo várias teorias, algumas úteis, outras absurdas.

Quando começaram os rumores sobre o uso de insulina, muita gente achou que, finalmente, a chave do mistério estava ali. Estava descoberto o segredo dos grandes bodybuilders, e saíram aplicando insulina, na esperança de chegar ao tamanho dos monstros do fisiculturismo. Como sempre acontece entre essas pessoas, fatores como alimentação, intensidade do treino e descanso são colocados de lado, como se a ingestão de drogas fosse a grande responsável pelo sucesso dos fisiculturistas.

Com esse artigo, pretendo explicar como é utilizado esse hormônio e porque essa técnica não é tudo isso que é falado, alem do risco desnecessário para a saúde.

A partir do começo dos anos 80, a insulina deixou se ser utilizada somente por diabéticos e passou a fazer parte dos grupos das drogas dos fisiculturistas e atletas profissionais. Sua popularidade começou a crescer a partir dos Jogos Olímpicos de 1996, quando apareceram os rumores de que os esportistas já a estavam usando em grande escala, e um dos fatores que contribuiu para essa escolha foi à falta de detecção pelos exames antidoping, o que dura até os dias de hoje.

A função desse hormônio, que é secretado pelo Pâncreas, é regular os níveis de glicose no sangue. A terapia médica com essa droga visa a tratar as diferentes formas de Diabete, nos casos em que o organismo já não reconhece a Insulina ou quando não a produz. Os diabéticos necessitam de aplicações regulares para suprir a deficiência da produção desse hormônio, e terem seus níveis de glicose no sangue constantemente checados. É metabolizada pelo fígado e pelos rins, e se houver algum problema com um desses órgãos, existe o risco de que a Insulina não seja degradada rapidamente, levando o usuário a um estado grave de hipoglicemia.

Seu uso no meio esportivo deve-se a diversas propriedades anabólicas:

1. Aumenta consideravelmente a absorção de aminoácidos, estimulando a síntese de proteína.

2. Também auxilia a produção e secreção de Testosterona, atuando junto a uma enzima testicular denominada Dihidrogenase.

3. Estudos recentes tem mostrado que também influencia na hidratação celular, aumentando o transporte de minerais, como potássio e sódio, para o interior da célula, o que auxilia a síntese protéica.

4. Reduz a atividade de uma enzima chamada Lipase, que estimula o acúmulo de tecido gorduroso.

5. Inibe a produção da enzima Aromatase, responsável pela conversão dos hormônios androgênicos em Estrogênio, o que acaba por causar um aumento da circulação de Testosterona livre.

Mas antes de sair correndo atrás dessa droga, é bom que fique sabendo das conseqüências ruins da aplicação desse hormônio :

1. Vai crescer e ficar e ficar mais forte do que jamais imaginou que conseguiria.

2. Pode ganhar a maior barriga da sua vida

3. Você pode morrer.

Leu bem esse último? É verdade...Você pode morrer! Durateston, Hemogenim, Deca matam ? Infelizmente, para os médicos e jornalistas ignorantes, não, não matam. Mas com a insulina a história pode ser diferente...

Agora que já expus os prós e contras do uso da Insulina para fins esportivos, é melhor descobrir quais as maneiras de utilizá-la diminuindo as chances de um problema de saúde, e saber se vale a pena mesmo.

A Insulina é comercializada, basicamente, em seis versões, e as diferenças estão nos períodos de aplicação, tempo de duração e picos de ação da droga no organismo. Pode ser extraída a partir do pâncreas de gado ou porco, a Insulina Animal, ou sintetizada a partir técnicas de recombinação de DNA humano, em um processo similar ao do GH, o Growth Hormone, ou hormônio de crescimento. Mas não existe necessidade de discutirmos todas essas versões, já que somente um tipo nos interessa, a sintética de ação regular. Essa é a opção mais segura, porque ao contrário das outras versões, que permanecem por um tempo longo no organismo, e tornam o controle de seus picos de ação mais difíceis de serem monitorados, a Insulina regular já começa a agir em vinte ou trinta minutos, e permanece no organismo somente de 4 a 6 horas, chegando, no máximo, a 8 horas, dependendo do tipo. Dessa maneira, o usuário esportivo tem melhores chances de observar a ação da droga, e assim evitar crises de hipoglicemia, através da ingestão de carboidratos nos momentos certos, e essa é uma das razões do porque não utilizá-la durante dietas de baixo carboidrato.

A hipoglicemia pode ocasionar desde fadiga extrema até coma, levando a morte do usuário, e é conseqüência do baixo nível de glicose no sangue. Mesmo que o indivíduo seja socorrido em um hospital imediatamente após uma crise de hipoglicemia, é muito mais difícil para um médico elevar as taxas de glicose do que o inverso.

A Insulina é medida em UIs, ou unidades, e não em miligramas. Usa-se a injeção própria de insulina, que tem as unidades marcadas no corpo de seringa. A aplicação será sempre subcutânea, preferencialmente na região abdominal, que faz com que a liberação seja mais lenta. O atleta deve alternar os locais de aplicação, porque assim evita que hajam aparecimentos de nódulos de gordura. Nunca se deve aplicar antes do treino, pois isso pode fazer com que o hormônio haja com muita rapidez, devido ao aumento da circulação sanguínea, precipitando a hipoglicemia.

Os melhores momentos para a utilização são imediatamente após o treino ou logo ao acordar, ainda em jejum. Se for tomada pela manhã, cerca de vinte minutos depois da aplicação, o usuário deve consumir um rico café da manhã, e depois seguir com sua dieta normal, com refeições de três em três horas. Se a escolha for pela utilização pós-treino, deve-se observar, com muito cuidado, qual será a hora dessa aplicação, e o tempo de ação da Insulina escolhida, para que não haja risco de uma crise de hipoglicemia durante o sono, pois se esse treinamento ocorrer no fim do dia, a aplicação será feita no começo da noite, o que é muito perigoso.

Alguns usuários mais experientes aplicam a droga duas vezes por dia, ao acordar e após o treino, sendo essa a técnica mais popular entre os bodybuilders. O ideal é que se inicie com uma aplicação, a da manhã, e depois de uma semana de uso seja acrescentada a aplicação pós-treino. As doses iniciais podem ser de 10 ui, e caso aconteçam duas vezes por dia, serão duas de 10 ui (20 ui). Caso o atleta não manifeste nenhum problema, as quantidades poderão ser aumentadas de 5 em 5 uis, até chegar a 40, 20 uis pela manhã e 20 uis pós treino. Mais do que isso aumenta demais o risco de uma hipoglicemia rápida e não causam maiores ganhos musculares.

Esses dois momentos, manhã e pós-treino, são os melhores porque é quando seu organismo está mais apto a absorver nutrientes, e a Insulina é ótima para aumentar essa absorção, principalmente depois de uma sessão de treinamento, quando o atleta fará sua refeição mais importante. Um shake com 100 gramas de carboidrato e 30 a 50 gramas de proteína é uma ótima opção para logo após o treino e a aplicação da Insulina, e depois, cerca de vinte minutos, o atleta começa com suas refeições normais. Um suplemento que tem sua absorção muito aumentada com essa prática é a Creatina, 10 a 15 gramas adicionadas ao shake sugerido anteriormente fazem uma grande diferença.

Com o objetivo de evitar que haja o risco de aumento de gordura é interessante que o esportista adicione algum agente lipolitico. O tradicional coquetel de Cafeína, Aspirina e Efedrina, tomado junto com algum carboidrato antes do treino, ou qualquer outro acelerador metabólico, são boas opções.

Você agora já conhece os riscos e a maneira correta da utilização. A questão é se vale a pena. Embora seja uma droga de fácil aquisição, e barata, ainda assim não aconselho. Já utilizei, e acompanhei outros esportistas fazendo o mesmo. Os ganhos são muito pequenos, principalmente em comparação a taxa de risco. Essa mistificação sobre seu uso entre os fisiculturistas está mais para lenda do que fato. Como disse no começo do artigo, a popularidade dessa técnica deve-se ao fato de se tentar chegar ao físico dos bodybuilders, e a chave não é a insulina. Os fatores principais ainda são a genética privilegiada, o treino dedicado, a dieta correta, e muito, muito sacrifício. Infelizmente, meus amigos, não existem drogas milagrosas capazes de substituirem esses itens. É muito importante lembrar, e isso será sempre repetido aqui no site, que na escala de importância do sucesso no fisiculturismo, as drogas e suplementos vão ocupar o último lugar.

Se você não treina como um fanático, não come como um cavalo, e ainda enche a cara de uísque na balada, não tem droga, anabolizante, suplemento que vá te ajudar.

FONTE: TREINO PESADO