NO PAIN NO GAIN

Qual adepto de qualquer esporte, especialmente musculação, nunca ouviu essa expressão - NO PAIN, NO GAIN ?

Quando o pessoal da Gold’s Gym, na Califórnia, começou a usar essa expressão, lá nos anos 70, eles não tinham idéia que estavam criando um verdadeiro mantra para todos que tem a musculação como estilo de vida! Bem, tudo que cresce muito está sujeito a críticas e duvida, esse é o papel da ciência, questionar! Muita gente tenta desmentir essa relação, mas pesquisando a literatura não conseguimos encontrar nenhum artigo sério que leve a alguma conclusão diferente da de Arnold e seus parceiros de treino.

OK, onde está a novidade?
Bem, a novidade está em que o estudo justamente desta relação nos leva conclusões bastante interessantes.

Quando se observa os efeitos de um treino intenso, onde ocorre sensação dolorosa pós treino, se relaciona, tradicionalmente, assim: “Eu senti dor, logo meu músculo sofreu lesão, pra se recuperar ele vai acabar crescendo”, certo ?

ERRADO, a relação correta é: “Eu senti dor, meu músculo está crescendo”, nada mais! Sim, isso mesmo, não que a DOR seja a causa do crescimento muscular, mas analisando: Hormônios andrógenos estimulam o crescimento muscular, somatotrofina (GH) estimula também, assim como o exercício físico (óbvio), além de outras condições e substancias, como o alongamento etc. etc. etc. Por ai já dá para ver que temos vários caminhos para o crescimento muscular, estudando biologia há um bom tempo eu aprendi que as coisas não costumam ter tantos fatores assim, em geral tudo é muito simples, e não é que é mesmo?

Mas enfim, todos esses fatores de crescimento muscular, na verdade se concentram em uma coisa: síntese de prostaglandina (PG) pelo músculo, mais precisamente a indução de um fator de crescimento chamado NFATC2, que age no núcleo da célula muscular estimulando a síntese de proteína e reprodução do núcleo para formação de novas fibras e seções de fibras estriadas.

Até pouco tempo atrás não se tinha conseguido chegar ao ponto final do crescimento muscular, que é a produção de proteína induzida pelo próprio DNA da célula. A hipertrofia muscular hoje em dia pode ser muito melhor explicada, ficando, de forma simplificada, assim:

ESTÍMULO – SÍNTESE DE PG – LIBERAÇÃO DE NFATC2 – TRANSCRIÇÃO DE PROTEÍNAS E REPRODUÇÃO NUCLEAR
Ok, mas e a dor? Acontece que a prostaglandinas são as principais substâncias no mecanismo da dor, sem PG não tem dor, são elas que induzem a excitação dos neurônios causadores da sensação dolorosa. Aliás, a tão inocente aspirina pode ser uma das maiores vilãs para o crescimento muscular, uma vez que seu mecanismo de ação se baseia no impedimento de liberação de PG, ou seja, se você tomar uma aspirina e for pra academia, seu treino não vai ter valor, todo o trabalho que você tem para produzir PG no seu músculo para que ele cresça vai ser impedido pela aspirina! O mesmo é valido para todo antiinflamatório não esteroidal, como os esteroidais também inibem a síntese de proteína muscular, a única solução para quem quer crescer é agüentar a dor, se deu dor de cabeça durma, faça sexo (excelente analgésico por mecanismos independentes de PG), mas não tome analgésicos.

Aposto que sua mente anabólica já pensou no uso de PG como anabolizante, você não é o único, muitos estudos já conseguiram demonstrar o potencial destas substâncias como a próxima geração de anabólicos. Os estudos recaem principalmente sobre a PGF2α, estudos mais recentes têm encontrado importante ação da PGE2 nessa história toda. A PGF2α tem sua ação comprovada em vários estudos, mas a PGE tem sido considerada um fator indispensável para o mecanismo, sendo que a PGE é a PG liberada em maior quantidade na primeira fase de recuperação muscular (poucas horas após o estímulo) e a PGF tem uma ação mais prolongada (pelo menos até 48 horas) e menos intensa. A ausência destas substâncias induz um intenso catabolismo, e sua produção leva a um aumento de até 98% na capacidade de síntese protéica do músculo!

Alguns fatos interessantes: o GH induz o aumento quase imediato de PGF e PGE na musculatura, a testosterona também, assim como o esforço físico, coincidência, lógico que não! Um elemento muitas vezes esquecido ou menosprezado por MUITOS (diria até pela maioria) praticantes de musculação são os alongamentos, esta prática é capaz de induzir quantidades de PG semelhantes ao exercício com pesos, o alongamento que induz essa produção é aquele alongamento FORTE, que dói MESMO, e por tempo prolongado, nada de 15 segundos, mas 30-60 segundos alongando ao máximo, pode ser feito em forma de séries, alguns estudos já comprovaram, também a indução de hiperplasia pelo alongamento.

Já existe gente usando a PGF2α como estimulante de crescimento muscular, inclusive localizado, uma vez que ela é absorvida imediatamente pelo músculo onde é aplicada, isto é um tanto quanto experimental e deve ser encarado com MUITO CUIDADO, em breve pretendo estar com material e modelos experimentais (cobaias) para estudos do uso sistêmico de PGF2α, e sua possível influencia no ganho de peso e massa muscular, assim como melhora da densidade e numero de núcleos na fibra muscular, também pretendo avaliar o efeito da PGE, assim como o efeito da combinação das duas substancias, a PGE ainda tenho alguma dificuldade, por não ter encontrado uma forma injetável, somente os famosos comprimidos de Cytotec, usados ilegalmente como abortivo que são inviáveis para a pesquisa com ratos (já aviso para nenhum imbecil tentar usar Cytotec, a administração oral de PGE pode induzir a uma hipertrofia de musculatura lisa do estomago e intestino!).

Estas pesquisas mostram que usar testosterona para ganhar músculos é como aguar um vaso de violetas fazendo a dança da chuva! Agora nós já descobrimos a torneira de água, só precisamos encontrar o regador pra que a água chegue até a violeta!

FONTE: TREINO PESADO