OVERTRAINING

Com a massificação dos interesses pelo corpo perfeito e a busca pela melhor performance esportiva e em conseqüência a quebra de recordes, tem levado atletas em vários níveis do esporte, a realizar altos volumes de treinamento. Porém, o excesso de cargas, altos volumes e a falta de descanso, impede as adaptações fisiológicas e pode levar ao overtraining, levando a graves alterações cardiovasculares metabólicas, hormonais, motoras e psicológicas que causam estagnação ou perda significativa de desempenho. Além do excesso de treinamento e a falta de descanso outros agravantes podem ser considerados fatores de risco para o processo de overtraining: muitas competições anuais, treinos monótonos e repetitivos, condições patológicas pré-existentes, nutrição inadequada e, principalmente, a falta da orientação de um profissional de educação física especializado.

Podemos considerar algumas características fundamentais do indivíduo que apresenta estar em um processo de overtraining, são eles:

1 - freqüência cardíaca a níveis séricos de lactato elevados numa taxa fixa de trabalho submáximo;

2 – perda de peso corporal decorrente da perda do apetite;

3 – fadiga crônica;

4 – desgaste psicológico;

5 – múltiplos resfriados e amigdalites e/ou;

6 – diminuição do desempenho.

Um atleta treinado excessivamente pode apresentar um ou todos os sintomas. Portanto, é fundamental que o técnico ou o treinador reconheça os sintomas clássicos do overtraining e esteja preparado para reduzir as cargas de trabalho do atleta quando elas surgirem. Lembre-se de que quando possível, os programas de treinamentos específicos devem ser planejados para os atletas afim de compensar as diferenças individuais do potencial genético e do nível de condicionamento, este é um ponto importante que deve ser lembrado ao elaborar programas de treinamento para o condicionamento físico.

Muitos acreditam que a intensidade do treinamento seja a principal causa do overtraining, porém muitas pesquisas têm demonstrado que o aumento do volume (quantidade) é mais propício a trazer resultados negativos que os incrementos na intensidade. Essa relação volume/intensidade tem sido alvo de muitas pesquisas nas quais a mensuração periódica das taxas de hormônios esteróides como testosterona (anabólico) e cortisol (catabólico) são freqüentemente analisadas com o objetivo de indicar se o treinamento está induzindo ou não a uma resposta adaptativa. A razão testosterona/cortisol (T/C), em suas concentrações plasmáticas, pode ser utilizada como sinalizadora do nível de anabolismo/catabolismo apresentado pelo organismo. Uma queda maior que 30% nos valores de repouso pode significar uma incompleta recuperação dos estímulos impostos.

Técnicos, treinadores e atletas devem planejar e registrar os programas de treinamento destinados a atingir os objetivos do condicionamento específico em vários momentos durante o ano.a falha no planejamento de uma estratégia de treinamento pode acarretar um uso inadequado do tempo de treinamento e, em última instância resultar num desempenho inferior.
A não redução da intensidade e do volume de treinamento antes da competição também é um erro do treinamento. A obtenção do desempenho atlético máximo exige uma mistura saudável de nutrição, treinamento e repouso adequados. A não redução do volume e / ou intensidade de treinamento antes da competição acarreta um repouso inadequado e compromete o desempenho, por essa razão num esforço de atingir o desempenho máximo, os atletas devem reduzir suas cargas de treinamento vários dias antes da competição. O objetivo é prover o tempo necessário para que os músculos ressintetizem glicogênio á níveis máximos e se recuperem de lesões induzidas pelo treinamento.

É inquestionável que a homeostase fisiológica necessita ser “quebrada”, entretanto, um descanso adequado deve ser oferecido com objetivo de favorecer a completa recuperação e conseqüentemente uma melhora na performance. Esse processo é denominado supercompensação, estágio em que o anabolismo supera o catabolismo favorecendo as adaptações fisiológicas. Saber e reconhecer o momento exato da supercompensação é muito importante, pois se a recuperação não for suficiente às conseqüências poderão levar a um estado de overtraining que pode durar meses ou mesmo anos.

O diagnóstico do overtraining é muito complicado, não existe, ainda, nenhum critério exato, geralmente os médicos e treinadores tendem a buscar outras doenças antes que a confirmação seja feita. Apesar do overtraining ter sido descoberto na década de 1970, muitos aspectos específicos ainda não estão claros. Os investigadores estão buscando formas de determinar o que acontece aos atletas quando se inicia o overtraining. Como a condição patológica e fisiológica do corpo inteiro progride? Se estas questões pudessem ser respondidas seria possível determinar critérios uniformes de identificação capazes de prever, diagnosticar e curar com maior eficiência a síndrome do overtraining. A prevenção é a melhor solução, assim é muito importante que atletas, treinadores e médicos fiquem atentos para reconhecer os sinais de advertência antes que a síndrome se instale.

OVERTRAINING E O SISTEMA IMUNOLÓGICO
O sistema imunológico humano é um conjunto complexo de células e de hormônios responsáveis pela prevenção de infecções. Existe um volume crescente de evidências de que níveis moderados de treinamento físico melhoram a função imune e diminuem o risco de infecção. No entanto, está claro que os esquemas de treinamento intenso associados á falta de repouso (overtraining) acarretam um enfraquecimento do sistema imunológico e um aumento do risco de doenças. Portanto os atletas devem ser capazes de reconhecer os sintomas , quando esses forem detectados o atleta estar preparado para reduzir sua carga de treinamento a fim de evitar a redução de sua função imune.

FONTE: TREINO PESADO